Lote é formado por 221 mil restituições, distribuídas entre contribuintes prioritários e não prioritários; o valor total do crédito é de R$ 558,8 milhões
Notícia
Pequenos industriais buscam mais crédito, mas 60% têm recurso negado
Mesmo sem sucesso, a busca por financiamento entre essas empresas é crescente e chegou a 37%, maior nível já registrado. Os dados são de pesquisa feita pelo Data Folha a pedido do Simpi
01/01/1970 00:00:00
As micro e pequenas indústrias têm buscado recursos no mercado para financiar suas operações, mas apenas 40% delas estão conseguindo sair dos bancos com contratos de empréstimos assinados. Mais da metade dos empresários deste segmento da indústria, 60%, deixam as agências bancárias com o pedido de empréstimo negado.
É o que mostra a 13ª edição da Pesquisa Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria de maio, realizada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) em parceria com o Datafolha. O instituto de pesquisa abordou 712 empresas entre abril e maio nas cinco regiões do País. Apurou que o número de empresas que buscaram empréstimo no último bimestre aumentou 5 pontos porcentuais e alcançou um dos maiores índices da pesquisa, com 19%, perdendo apenas para o bimestre agosto-setembro de 2022, quando chegou a 20%.
De acordo com a pesquisa, a busca por financiamento teve aumento considerável quando focado nas pequenas indústrias, chegando a 37%, maior nível já registrado pelo Data Folha/SIMPI. No entanto, mesmo com a maior busca por empréstimo, a taxa de sucesso, de 40%, ainda é menor do que o porcentual de empresas a que foram negados, correspondente a 60% das MPIs.
O ambiente para a tomada de empréstimos por este segmento continua árido por conta da elevada taxa de juros ou mesmo pela simples ausência de linhas de crédito proporcionais ao tamanho da empresa.
Joseph Couri, presidente do Simpi, tem feito reuniões com membros do governo e da rede bancária para tentar reverter este quadro de juros altos - e que nada tem a ver com a Selic, mas com juros de mercado. "O que o governo, por meio do Banco Central, diz que vai manter é a Selic de 10,50% ao ano. Quando uma empresa vai ao banco pegar um empréstimo, o juro que é colocada para ela vai de 3% a 400%. Uma coisa é Selic e outra bem diferente é o valor cobrado pelo sistema financeiro sobre empréstimos", diferencia Couri.
O problema, de acordo com o presidente do Simpi, é que por falta de linhas de créditos adequadas ao tamanho de suas atividades, 14% das empresas tomaram empréstimos pelo cheque especial e 11% usaram o crédito pessoal. Por isso é que, em alguns casos, as taxas chegam a 400%.
"Nós temos participado de discussões técnicas com o Banco Central, com o Ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, em Brasília, dentro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Conselhão da Presidência da República, e linhas de crédito têm sido anunciadas. Agora, 400% de juro é inadmissível em qualquer lugar do planeta ou até fora do Planeta Terra", diz.
Do outro lado, no setor financeiro, de acordo com o presidente do Simpi, as instituições têm se mantido arredias por conta do conflito aberto entre o Poder Executivo e o Banco Central, bem como à futura mudança no comando da autarquia, ao fim de dezembro, e o nível de inadimplência.
INADIMPlÊNCIA
A taxa de inadimplência registrou aumento no bimestre abril/maio, segundo a 13ª edição da pesquisa Simpi/Datafolha. Isso porque a falta de pagamento de clientes para as Micro e Pequenas Indústrias (MPI's) chegou a representar 38% do faturamento em relação aos outros meses. É o maior valor desde janeiro deste ano.
As regiões Centro Oeste/Norte e Sul do País são as mais afetadas pela falta de pagamento e a porcentagem de empresas chega em 47%. "Entra a discussão sobre se o aumento da inadimplência se dá pelas elevadas taxas de juros ou pela falta de linhas de crédito adequadas para as empresas, ou os dois. Somado a isso tem a perda de poder aquisitivo que vem ocorrendo acima dos ganhos dos salários", diz Joseph Couri.
Ele acrescenta que quando se tem um aumento de 14% para 19% no número de empresas buscando crédito, na prática a mensagem é a de que as empresas estão sem dinheiro em caixa.
E a pesquisa Simpi/Datafolha confirma a tese de Couri quando mostra que apenas 8% das 712 empresas pesquisadas entre abril e maio afirmaram ter capital suficiente para passar o mês. Outras 53% das MPIs não têm recursos para fechar o mês. O problema não se restringe ao setor das MPIs, alerta Couri. Acaba batendo nas grandes corporações, que vivem muito de vender para os pequenos espalhados pelo País. Isso explica um pouco, de acordo com o presidente do Simpi, a grande quantidade de grandes corporações entrando com pedidos de Recuperação Judicial.
"É por isso que o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável Conselhão tem colocado em volta da mesa os setores empresarial, financeiro e o governo para buscar encontrar uma solução para o problema", explicou o presidente do Simpi.
Ao analisar quais são as MPIs que gostariam de renegociar suas dívidas e como gostariam, mais de 76% das empresas tem interessem em obter linhas de crédito a juros mais baixos. Mesmo assim, o número de MPIs que se interessam pelo Pronampe chegou a apenas 21%, dado contrário de 64% das MPIs que afirmam não ter interessante no programa.
Ainda que mais de 60% das MPIs não tenha interesse no programa, a região que mais busca pelo financiamento é o Centro-Oeste/Norte com 32% das empresas. No entanto, quanto o assunto é a falta de interesse, a região que menos busca pelo programa é o Sul, com 67% das MPIs.
Para Couri, a questão do Pronampe, que era para ser uma política pública para ter uma abrangência muito maior, atendeu apenas 8% das MPIs. O que está ocorrendo agora é que apenas 10% das empresas têm conhecimento das linhas de crédito que estão sendo anunciadas agora pelos governos federal, estaduais e municipais, dentre os quais os 8% que tiveram conhecimento lá atrás do Pronampe. "Ocorre que 20% dos 8% que tomaram recursos com o Pronampe estão inadimplentes com o próprio Pronampe", disse Couri.•
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