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Notícia
Mercado pet deve crescer 12% em 2023 com atendimento mais humanizado
Com um faturamento que pode superar os R$ 46 bilhões este ano, o setor oferece grandes oportunidades para os empreendedores
01/01/1970 00:00:00
A indústria de produtos para animais de estimação deve encerrar 2023 com um crescimento em torno de 11,6% em seu faturamento, na ordem de R$ 46,8 bilhões. A projeção da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) leva em consideração os números até o 1º semestre de 2023.
Um dos principais motivos é o crescimento da oferta de novos produtos e serviços para pets, cujos tutores agora procuram manter um cuidado mais humanizado. Com essa demanda, é natural que o setor tenha que se adequar a essa necessidade e que ofereça ótimas oportunidades de negócios para os empreendedores.
As opções são muitas: refeições naturais, creches, lavanderias especializadas, spas, festas para pets, serviço funerário, pet sitter, plano de saúde, docerias, locais para festas, entre outras demandas que geram negócios super lucrativos e estão em curva ascendente.
Ainda de acordo com a Abinpet, há cerca de 167,6 milhões de pets no Brasil, sendo 67,8 milhões de cães e 33,6 milhões de gatos. Com isso, existe no Brasil mais de 285 mil empresas voltadas para os pets, o que torna o país o terceiro maior mercado pet do mundo, com uma participação de 5,1%, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, com base em levantamentos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo Vanessa de Lima e Silva, gestora estadual do segmento pet no Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o setor tem proporcionado novas oportunidades de negócios para os empresários, principalmente nos últimos três anos.
“Ainda que tenham surgido diversas ofertas, o mercado ainda carece de serviços especializados para gatos, animais com deficiência e animais idosos, por exemplo. Até mesmo o número de creches não comporta a demanda, tendo em vista a diminuição do home office com o fim da pandemia. A tecnologia no setor ainda precisa ser bastante explorada, trazendo oportunidades para quem quer investir nesse mercado", afirma Vanessa.
Já o consultor de negócios Ricardo Lopes revela que o setor está em ascensão porque hoje os donos de animais criaram uma proximidade emocional e física maior depois da pandemia.
“Os tutores tratam os bichos como gente, como filho, e oferecem, consequentemente, uma refeição mais saudável, plano de saúde, festa de aniversário, creche, cuidados preventivos, babá, terapias como acupuntura e são clientes de uma infinidade de empresas que alimentam esse ecossistema. Somado a isso, cresceu o número de pessoas que adotaram ou compraram um pet para ter companhia durante o período de isolamento. Isso faz o mercado ficar muito aquecido”, avalia Lopes.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
O setor de Pet Food, voltado à alimentação dos pets, é o mais lucrativo do mercado pet, de acordo com a Abinpet, e deve fechar o ano de 2023 com um faturamento de R$ 33,4 bilhões.
A qualidade de vida é o principal fator que faz os clientes procurarem nutrição natural para seus bichos, ou então por conta de problemas de saúde que exigem uma alimentação mais controlada. Geralmente, os alimentos contêm peito e moela de frango, ovos, colágeno, legumes, grãos, dentre outros alimentos naturais.
Quem resolveu investir neste nicho é a ObentôPet, na Zona Sul. A loja, que também tem e-commerce, oferece dietas formuladas para animais saudáveis, com algum tipo de sensibilidade alimentar ou com necessidades nutricionais diferenciadas.
Segundo o proprietário Murilo Ferraz, os produtos são feitos com os mesmos ingredientes que vão para a nossa mesa. “A diferença é que eles são formulados por nutrólogos de acordo com a necessidade de cada animal. Há opções para quem tem alergias na pele, problemas renais e até controle de peso. Tudo é congelado com validade de três meses”, conta.
Ferraz revela que, há quatro anos, inaugurou a loja com o objetivo de ter fabricação própria no local, já que o objetivo central era o e-commerce. “Pegamos o mercado aquecido, com as pessoas dentro de casa bem no início da pandemia. Acabei descobrindo um mercado carente no meu bairro para esse tipo de produto e hoje temos um volume grande de vendas também na loja física. Foi uma boa oportunidade de negócio”, ele explica.
Cerca de 70% das vendas da ObentôPet são de produtos para dietas personalizadas, elaboradas com receitas de nutrólogos e veterinários. Mas a loja também atua com diversos itens de prateleira, a pronta entrega. Os itens congelados podem ser entregues apenas em São Paulo e os petiscos e desidratados, para todo o Brasil, com vendas on-line, pelo Instagram ou Whatsapp.
CRECHES
Outro tipo de negócio que cresceu bastante neste setor foi o de creches para animais. Elas oferecem uma variedade de atividades, serviços e mimos para os bichinhos, que vão desde brincadeiras para gastar energia, terapias como cromoterapia, musicoterapia, acupuntura até atividades cognitivas e na piscina.
É o caso da creche Pet Amigo. “Muitos donos voltaram a trabalhar no presencial e, por terem passado muito tempo juntos de seus pets, não querem deixá-los sozinhos, o que poderia estressá-los. Os cachorros passam o dia brincando e interagindo com outros animais”, comenta o proprietário Maurício Brebeng.
O mesmo conceito é adotado pelos hotéis para pets, que são uma opção para os donos que precisam se ausentar.
Já nos serviços de banho e tosa, há opções para banho com música, hidratação, massagens relaxantes e cromoterapia. É possível solicitar o deslocamento do pet do salão até a casa, com conforto e segurança.
Lopes lembra que, atualmente, é comum encontrar centenas de cachorros em shoppings e restaurantes. “Isso forçou os estabelecimentos a criarem espaços pet friendly. A ideia não é permitir apenas a presença do animal no ambiente. Esses empreendedores precisam criar um espaço adequado para receber os animais com seus tutores.”
É possível encontrar nas grandes cidades, como São Paulo, restaurantes que oferecem pratos exclusivos para os bichinhos enquanto o dono desfruta de uma refeição no local.
Também cresceram muito as lojas de roupas para animais, tratamentos de beleza, docerias que oferecem brigadeiros e até panetones formulados para cães e gatos.
“Temos aqui uma tendência que mostra que o mercado pet deve crescer ainda mais nos próximos anos, sendo uma das maiores apostas de negócio atualmente”, prevê o consultor.
FESTA E HOMEOPATIA
A bulldog Poppy, de 2 anos, tem todas as mordomias com sua tutora, a jornalista Priscila Dal Poggetto. Desde muito pequena, ela já vai à creche todas as semanas.
“Meu marido é argentino e eu já sabia que precisaria ficar pelo menos 20 dias fora por ano para visitar a família dele e não queria sofrer para deixar a Poppy. Então, a creche é a segunda casa dela, já está acostumada e não sente tanto quando viajamos”, conta Priscila.
Quanto à alimentação, Poppy tem uma dieta especial porque tem uma alergia comum da raça. “Ela não pode comer nada de carne bovina e de frango, só suína. Então eu compro uma dieta personalizada para ela. Fiz uma busca muito grande de empresas que oferecem esse tipo de produto até chegar na que gostei. Me parece que a demanda é maior que a oferta nas lojas”, diz a tutora.
Poppy é uma das cachorrinhas que tem um tratamento totalmente humanizado. Além da alimentação e da creche, ela faz tratamento de alergia com medicação de uma farmácia de homeopatia, indicação da veterinária.
“Também fizemos festa de aniversário para ela na creche, com os amigos caninos, e um cardápio especial para eles, além da decoração. Acho que hoje os tutores estão muito mais próximos de seus bichos, são verdadeiros filhos, e querem tratá-los de uma forma muito mais humanizada. E, por isso, como cliente, vejo muitas lojas e serviços personalizados para atender a esse nicho”, comenta Priscila.
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