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Notícia
11,9% dos brasileiros são adeptos do quiet quitting, diz estudo
Entre eles, 67% são homens, 33% têm entre 25 e 34 anos e 54% são assistentes/analistas.
01/01/1970 00:00:00
O quiet quitting não acabou. Termo que ganhou muita força principalmente no segundo semestre do ano passado, a chamada “demissão silenciosa” ainda é assunto e preocupação no mercado de trabalho. O fenômeno, que remete à execução de tarefas somente presentes na descrição de cargo, uma espécie de “mínimo necessário”, foi tema de pesquisa realizada pela EDC Group.
De acordo com o levantamento da empresa de consultoria e outsourcing de serviços, 11,9% dos 328 respondentes são adeptos da prática. Desses, 47,53% são compostos por profissionais com cargos abaixo das lideranças. Entre eles, 67% são homens, 33% têm entre 25 e 34 anos e 54% são assistentes/analistas.
Em contrapartida, os líderes e presidentes demonstram um nível maior de desgaste, 64% dos supervisores, por exemplo, disseram executar mais funções do que o previsto nos contratos de trabalho.
“Embora o quiet quitting seja uma filosofia que ganha cada vez mais adeptos, a pesquisa demonstra que a força de trabalho brasileira tem uma grande tendência de sobrecarga. Dos estagiários até os presidentes, todos assumem mais funções do que os cargos preveem. Quando analisamos o recorte por gênero, os dados ilustram que 59% das mulheres estão sobrecarregadas com mais tarefas do que o habitual, frente aos 57% dos homens’’, analisa Daniel Campos Neto, CEO e founder da EDC Group.
Nem tantos adeptos, mas muito praticantes (segundo os gestores)
De acordo com o Instituto Gallup, é estimado que pelo menos metade da força de trabalho norte-americana seja adepta dessa espécie de “filosofia”, o que é facilmente justificável pelos índices de Burnout no país. Estudos identificaram que 59% dos trabalhadores do país sofreram com algum nível da síndrome do esgotamento profissional em 2022, a mesma porcentagem de 2020, quando o retrato pandêmico estava no auge.
Já no Brasil, a pesquisa realizada no início de 2022 pela empresa Gattaz Health & Results ilustrou que um em cada cinco profissionais brasileiros – 18% –, sofrem com a condição. Outros 43% expuseram sintomas depressivos e 24%, manifestaram sofrer com ansiedade.
“O quiet quitting é um ‘desengajamento’ do colaborador com o trabalho. Muitas vezes, como um efeito colateral de uma vivência passada de Síndrome de Burnout, causado pelo excesso de atribuições. O fenômeno consiste em fazer o mínimo necessário, como uma forma de demonstrar insatisfação. Não é o caminho adequado. O melhor é sentar e conversar e, com franqueza, expor qual é a insatisfação”, recomenda Márcio Monson, fundador e CEO da Selecty, plataforma de recrutamento e seleção de pessoal.
Segundo outro levantamento, desta vez o Índice de Confiança Robert Half, por mais que não seja tão grande a parcela de profissionais brasileiros adepta do quiet quitting, como mostra o levantamento da EDC Group, na prática os gestores acreditam que a ação vem crescendo.
No semestre final do ano passado, 52% dos executivos identificaram colaboradores da sua empresa aderindo à demissão silenciosa. Não à toa, 57% acreditam ser uma tendência que vai perdurar no médio a longo prazo. No entanto, 77% dos profissionais disseram nunca ter praticado a filosofia.
“Independentemente das motivações, as prioridades de muitas pessoas mudaram, especialmente em relação ao trabalho. Por isso, uma gestão próxima, empática, transparente, que inspire confiança, é cada vez mais crucial para lidar com as complexidades apresentadas pelo mercado de trabalho contemporâneo. Uma combinação cuidadosa de liderança e gestão convoca as pessoas a serem suas melhores versões, tenha isso em mente”, pontua Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half.
O RH deve se envolver
Segundo o especialista em Recursos Humanos, Agnaldo Silva, o quiet quitting não pode ser um assunto deixado de lado, pois “ele não será passageiro e cada vez mais organizações verão seus profissionais aderi-lo”. Para o profissional de RH, é fundamental que as empresas tomem cuidado com suas ações de engajamento.
“Diversas iniciativas não tão populares estão em alta no mercado, como o retorno ao trabalho presencial em vez da opção pela flexibilidade. O mercado de trabalho, hoje, está cheio de pessoas infelizes com suas ocupações, e não é para menos. Ainda há muita dificuldade por parte dos líderes e dos RHs para ouvir mais seus colaboradores e tomar decisões que sejam realmente favoráveis à sua rotina e saúde emocional”, alerta. “Mais do que nunca, as companhias precisam de RHs extremamente capacitados e envolvidos”, acrescenta.
No estudo da Robert Half, os tópicos mais apontados como motivadores para adesão ao quiet quitting são: Falta de reconhecimento/oportunidades de crescimento (62%); Construir uma relação mais saudável com o trabalho (57%); Insatisfação com o superior imediato (43%).
“Da gestão à liderança, incluindo o RH, é preciso que uma análise seja feita. Deve-se questionar: o que eu faço para o bem da empresa é, também, bom para as pessoas? Sem elas, o negócio não vai para lugar nenhum. Me incomoda quando o quiet quitting é tratado como ‘fruto de uma geração mimada’ ou ‘coisa de quem não quer trabalhar’”, finaliza.
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