Desde auditoria e controladoria a compliance, cada cargo exige diferentes habilidades, que devem incluir capacidade de adaptação às tecnologias e regulamentações do mercado
Notícia
Motivação nas empresas é fundamental em tempo de crise
De que forma a motivação ajuda no desempenho dos funcionários e gera resultados para as organizações? Especialista aponta o caminho das pedras e como sobreviver às turbulências
01/01/1970 00:00:00
“A motivação é a chave mestra de qualquer objetivo que temos na vida. Com motivação vamos a qualquer lugar e construímos os caminhos, acreditamos e buscamos oportunidades. Portanto, estimulá-la e abastecê-la com pequenos eventos positivos e direcionados para o objetivo é um excelente recurso pessoal e organizacional para alcançar sucesso.” A afirmação de Carla Caligiorne, master coach e consultora organizacional com formação em psicologia, é para enfatizar que a crise é um desafio, mas como de alguma forma estamos sempre envolvidos em alguma, de menor ou maior consequência, “é ilusão esperarmos linearidade da vida e termos expectativas de que a estabilidade é nosso melhor cenário. A vida é mudança permanente e pede coragem e criatividade para driblar os desafios da crise”. Por isso, alerta, é importante que o profissional identifique e fomente sua motivação pessoal para extrair de si o melhor e que a organização ao mesmo tempo crie estímulos para que os colaboradores estejam envolvidos com os objetivos da empresa e possam elevar o nível de participação e comprometimento, e o desempenho de cada profissional para o alcance de melhores resultados nas adversidades.
O cenário atual do Brasil é desafiador. Especificamente do lado do funcionário, como ele pode se manter motivado diante do baixo salário, estagnado num cargo e com cada vez mais volume de trabalho, tendo de acumular funções? “Primeiro, é preciso identificar qual a natureza da motivação pessoal. Se o profissional estiver motivado por salário, de fato está colocando sua motivação nas mãos do empresário que detém a regra do jogo. E o caminho é outro. Quanto à estagnação, em alguns momentos da carreira é comum o indivíduo perceber que parou no tempo e perdeu algumas oportunidades de crescimento. Nesse caso, é sua a responsabilidade. Não pode pôr na conta de terceiros. Portanto, o importante para o funcionário é reconhecer sua motivação interna em primeiro lugar. O que quer da sua vida, que contribuição pretende oferecer à empresa e aonde deseja chegar dentro da organização. Passando por esse passo, é preciso entender se suas motivações internas estão alinhadas com os objetivos da empresa. Se estiverem, o terceiro passo é descobrir maneiras novas de agir diante de cenários conhecidos e em crise. Novas soluções diante do que está posto pela fase ruim”, enumera a coaching.
Para Carla, um quarto passo importante é o funcionário sair da “resmungação” e buscar se motivar “tanto quanto os outros para que haja um clima organizacional mais positivo e suscetível à criatividade, à flexibilidade, com resiliência, comprometimento, boa interação com hierarquias e seus pares”. Ela enfatiza que novos comportamentos podem gerar novos negócios e novas oportunidades de crescimento e, consequentemente, melhoria no cenário da empresa, com possibilidades de contratação e aumento salarial. Por que não? “É preciso acreditar que muitas organizações enfrentam as crises e saem à frente com muito sucesso.”
LIDERANÇA MODERNA E o outro lado? O que a empresa pode fazer para deixar o funcionário motivado, conseguir dele uma produção que dê resultado para a organização numa fase complicada que precisa ter lucro, bater metas, fechar as contas? “O empresário moderno e alinhado com os novos conceitos de gestão sabe que o modelo que troca o funcionário desmotivado por um novo está fora de moda. Em larga escala, há um turnover que foge do controle da organização pelo fato de que muitos indivíduos melhoram a qualificação, aspiram a melhores postos de trabalho e porque ainda estão descobrindo talentos e competências, buscam novos caminhos. No entanto, uma empresa tem de constituir um time que a represente, vista a camisa e almeje construir um futuro com ela. É preciso criar sua rede de colaboradores parceiros que gerem confiança, responsabilidade e comprometimento com os rumos da organização.” Por isso, Carla acredita que o empresário deve desenvolver a competência de liderança em tempos de crise. “Atuar na liderança positiva, gerando ambiente fértil ao aprendizado, ao conhecimento e à busca de soluções. Ser sensível para saber identificar os bons profissionais por trás da crise e da desmotivação. E criar ambientes mais humanizados. Recentemente, com o calor em alta, alguns empresários autorizaram seus funcionários a trabalharem de bermuda. Todas as formas mais humanizadas levam a caminhos melhores no sentido de enfrentar o estresse que a crise traz e alavancar empresários e funcionários para um resultado mais satisfatório para ambos.”
Carla entende que o clima organizacional é o termômetro que poderá mostrar o quanto os funcionários estão motivados ou desmotivados, e o preparo da organização para enfrentar a crise. Ele é avaliado a partir da interação, do alinhamento de informações e das estratégias de comunicação.
Comprometimento de todos
Crise exige esforço, comprometimento, criatividade para buscar o novo e fugir das regras e decisões engessadas e estabelecidas. Com essa missão, Nil Moura e Gena Leão, do Circo Grock, atuam desde 2007 na área corporativa, tendo como ferramenta o universo circense. O casal dá treinamento em forma de espetáculo, que promove uma profunda transformação numa equipe: motivação, expansão do conhecimento, ter clareza de objetivos e metas, mantendo foco e proatividade. Com humor e magia, o circo é pano de fundo para avaliar questões que vão desde a relação interpessoal até a postura do ser humano em relação ao seu trabalho, posição, carreira e vida. A superação e trabalho em equipe, importância do bom atendimento, ética, autoestima a partir da compreensão da importância da sua função, liderança e muitos outros valores são revistos em cases num espetáculo interativo no qual a plateia participa ativa e empolgadamente com cada número apresentado. “É preciso ter a percepção de que todo momento de crise vem seguido de impulsão. A dificuldade propõe movimento para sair dessa situação. Por isso, as lideranças precisam buscar criatividade. É momento fértil e de renovação”, analisa Nil.
No espetáculo Equilíbrio motivador, os palhaços Ferrugem e Espaguete interagem com os espectadores e os levam a conhecer o processo de criação do circo e suas características corporativas, unindo a arte, racionalidade, rotina, novidade e profissionalismo em uma experiência lúdica para ajudar os participantes a desenvolverem suas habilidades profissionais. Os participantes passam a entender como é possível se manterem unidos por um ideal. “Vejo a motivação como parte não só do trabalho, mas da vida. Não tem como separar. É preciso ter noção de que o trabalho não tem só função material, mas envolve relacionamento, senso de equipe, colaboração, competência coletiva e mesmo envolvimento psicológico. Com cenas do circo e metáforas, levamos características circenses para que todos percebam o espaço do trabalho também como seu, a sensação de pertencer, um sentimento construído a partir do espetáculo.”
Já Isadora Rocha, gerente de desenvolvimento organizacional da A Geradora, empresa que atua na locação de equipamentos com foco nos segmentos de infraestrutura, construção civil e indústria, alerta que em época de crise a motivação é fundamental sob dois aspectos. “Primeiro, a empresa tem de conseguir manter os níveis de resultado anterior ao período crítico. Em segundo, a crise é o momento de aproveitar para desenvolver projetos internos, já que o mercado não está aquecido. Assim, na retomada terá vantagem competitiva.” Ela destaca que é a “hora de o profissional também desengavetar projetos pessoais, investir no conhecimento, levar ideias para a empresa, principalmente quanto à redução de custos, principal preocupação de uma fase instável. Comportamento que certamente lhe trará reconhecimento futuro”. Para ela, o ponto principal num cenário ruim é a comunicação aberta. “É preciso que a organização mostre o verdadeiro cenário, esclareça o panorama e busque alternativas. Há setores que sofrem mais, como o comercial, afetado pela perda de comissão. A função do líder e gestor é fundamental. Eles têm que, ao lado da equipe, criar saídas dentro da conjuntura do mercado.” A gerente reconhece que a crise em si tende a deixar o profissional preocupado e a empresa tem o papel maior de mostrar alternativas.
Na visão de Cláudia Fróes, coordenadora de marketing do Minas Shopping, mesmo na dificuldade a organização “tem de passar a projeção de crescimento horizontal e vertical e colocar as metas para o profissional, que precisa de estímulo para desenvolver. E o papel do colaborador é dar o melhor de si e vestir a camisa da empresa. Na fase crítica ou não, a via é de mão dupla. A empresa precisa encontrar uma forma de continuar crescendo e motivar o funcionário a correr atrás e almejar desafios. E o empregado jamais pode se acomodar. Ele tem de investir na capacitação e agregar diferencial para a empresa o enxergá-lo como indispensável. O importante é se fazer fundamental, a peça-chave para o desenvolvimento da organização”.
O que fazer ?
1) Montar plano de gerenciamento de crise
2) Antecipar problemas e obstáculos
3) Pensar em resultados a médio e longo prazos
4) Planejamento estratégico. Não dá para pensar no que fazer quando a crise estiver instalada
5) Investir na comunicação interna e externa mais eficaz e consistente, dar fluidez ao trânsito da informação
6) Procurar harmonizar interesses tanto da organização quanto dos funcionários e do público-alvo
7) Contar com uma equipe multidisciplinar para enriquecer as ideias, o trabalho e as ações de toda a organização
8) Ter comprometimento organizacional
9) Ser um funcionário colaborativo
10) Trabalhar em sinergia para ultrapassar as turbulências
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