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Notícia
Mulher: a força do empreendedorismo
As associações comerciais têm uma característica mais masculina – uma falha que temos que reparar, e uma constatação horrorosa de que demoramos para ter uma porta aberta à mulher empreendedora.
01/01/1970 00:00:00
É muita mulher junta, – mas o melhor, todas empreendedoras atuantes, algumas pioneiras em sua área de atuação, e outras até mesmo construtoras de verdadeiros impérios em seus ramos de negócio, reunidas para trocar experiências, fazer networking e se unir em torno de bandeiras que facilitem o seu dia a dia por meio do associativismo. Esse foi o tom do “1º Congresso Estadual da Mulher Empresária”, realizado pelo Conselho da Mulher Empreendedora (CME) da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo e organizado pelo Conselho da Mulher da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que reuniu mais de 500 representantes do sexo feminino na última sexta-feira, na capital paulista.
Rogério Amato, presidente da ACSP, da Facesp e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB), e a Dra. Marília de Castro, coordenadora institucional da ACSP e responsável pela coordenação geral do congresso, deram as boas vindas às participantes do evento que trouxe nomes de peso. Como exemplos, as empresárias Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, Sonia Hess, presidente da Dudalina, e Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels, além do ministro Guilherme Afif Domingos, da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, e da atriz Nicette Bruno, também conhecida por sua atuação empreendedora no meio teatral.
“As associações comerciais têm uma característica mais masculina – uma falha que temos que reparar, e uma constatação horrorosa de que demoramos para ter uma porta aberta à mulher empreendedora. Esse primeiro Conselho tem o condão de levantar a importância do empreendedorismo feminino, e de trazê-las para o nosso grande esforço de manter viva a experiência do associativismo e da livre iniciativa”, afirmou Amato. Por sua vez, Marília lembrou que o objetivo é criar condições para a participação da mulher empresária e fortalecer o seu protagonismo. “O associativismo precisa evoluir além do seu quintal, para ter uma visão macro e pensar grande. E essa reunião facilita esse pensar para chegar aos nossos objetivos.”
Outras duas mulheres importantes envolvidas na organização do Congresso, Fádua Sleiman, coordenadora do Conselho da Mulher Empreendedora da Facesp, e Dra. Marly Baruffaldi, coordenadora do Conselho da Mulher da ACSP, citaram números de pesquisas para mostrar a relevância desse protagonismo. “Em ocasiões em que as mulheres se reúnem – em associações comerciais, por exemplo – estimulam em 10% o crescimento de associados. E com esse evento, nossa proposta é provocar, estimular as mulheres das associações comerciais a se agruparem para desenvolver e fomentar novos negócios”, disse Fádua.
Marly lembrou que, em uma cidade como São Paulo, mais de 50% dos novos micro e pequenos negócios são abertos e administrados por “elas”. “As mulheres têm muitos predicados, mas um único defeito: a humildade de não reconhecer o quanto são capazes. E os conselhos têm como objetivo congregar essas mulheres, capacitando-as para encontrar caminhos que as tornem economicamente independentes”, ressaltou.
TALK-SHOW
Depois, em uma espécie de talk-show descontraído apresentado pela jornalista Silvia Poppovic, Luiza trocou experiências com suas “amigas” Sonia Hess, da Dudalina, e Chieko Aoki da rede Blue Tree. Sonia disse que compartilhar e ouvir, além de cuidar das pessoas na empresa, são alguns segredos do sucesso. “Mas no varejo, é um só: encantar o cliente”, disse, aproveitando a deixa, entre risos, para oferecer 20% de desconto às participantes do Congresso nas lojas da marca. Já Chieko, contou que as diferenças entre homens e mulheres no Japão, que parecem discriminatórias, servem para preparar as mulheres para “qualquer coisa” – como ter que se dividir entre os cuidados com o marido doente e a gestão da rede de hotéis. “Por trás da imagem, a mulher tem que ter força. Por isso, a importância de ouvir mais do que conversar, treinar humildade e aprofundar os motivos de cada um para o negócio dar certo.”
PENSE SIMPLES
Outro destaque do evento foi a apresentação “Pense Simples: como facilitar os negócios; excesso de tributos e burocracia; Micro e Pequena Empresa”, do ministro Guilherme Afif Domingos. Além de contar sua luta em prol das MPEs, iniciada nos anos 1970, Afif apresentou o mais recente placar de Microempreendedores Individuais (MEIs), de 4,248 milhões de formalizados (“e 48% são mulheres”, comemorou), e os benefícios da nova LC 147/14, que entre outras medidas, universaliza o Simples e foi aprovada por unanimidade no Congresso e no Senado em 16 de julho.
E trouxe novidades: Afif contou que até o fim de setembro o Distrito Federal será a primeira unidade da federação a realizar o processo de encerramento de empresas na hora. Até 20 de novembro, será nos estados. "Há uma estimativa de que existam milhões de CNPJs inativos, insepultos. E o próximo passo é fazer esse 'enterro coletivo'", garantiu.
FRANQUIAS NA FRENTE
Um setor que representa 2,4% do PIB, faturou R$ 11,5 bilhões em 2013, têm crescido na faixa de 10% ao ano e gera mais de 1 milhão de empregos. E o principal: tem 44% de mulheres à frente dos negócios. Foi dentro desse universo que Cristina Franco, primeira mulher presidindo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) ressaltou os diferenciais de uma gestão tipicamente feminina. Segundo ela, o poder de consumo (das mulheres) aumentou de R$ 1,5 trilhão para R$ 2,6 trilhões nos últimos cinco anos, e segundo o Data Popular, elas decidem 89% das compras da família, 79% das viagens, 71% as roupas do marido e 58% qual será o carro da família. Mas apenas 8% são chefes de estado, 9% das parlamentares do Congresso e 3% das CEOs. "Elas têm que participar mais, e é natural que a equidade de gêneros aconteça, para que cada vez mais mulheres ocupem posições de liderança e entendam que 'sim, nós podemos'", frisou.
ESTRATÉGIAS DIFERENCIADAS
No painel Responsabilidade Social, dois ícones. Um deles, a atriz Nicette Bruno que, junto com o marido, o ator Paulo Goulart (falecido em março último), foi criadora do projeto Teatro nas Universidades, realizado desde 2004 com apoio da ACSP e do então presidente da casa Guilherme Afif Domingos. Outro, Marísia Donatelli, secretária-geral e integrante da entidade filantrópica ACM/YMCA SP "desde sempre". Conhecida por sua luta pelo empreendedorismo teatral há mais de 60 anos, Nicette afirmou que nada mais justo do que reverter impostos para o avanço da cultura. "O empresário é cúmplice e parceiro da cultura do País, mas falta conscientização. Não basta só render lucros ou gerar divulgação e marketing; é preciso repensar essa parceria para realizar um trabalho social e de administração cultural em todo o País", afirmou.
Já Marísia, que apresentou o vídeo do projeto "Leão Amigo" da Facesp/ACSP (que incentiva empresários a escolherem uma instituição social para destinar parte do IR a seus projetos pelo Fumcad) , disse que as empresas têm que ter preocupações de formar uma cultura de cidadania, baseada em expertise, trabalho voluntário, mas profissional, e gestão compartilhada, com receitas financeiras, materiais e intelectuais. "Sabemos hoje em dia o número extraordinário de mulheres que fazem a diferença entrando no mundo corporativo. Por isso, nossa estratégia é conectar organizações para promover o desenvolvimento da sociedade".
O 1º Congresso da Mulher Empresária também teve o painel "Conselho da Mulher Empreendedora - Inovação e Desenvolvimento", onde mulheres como Rosângela de Andrade Pelizzaro, presidente do CME Franca, Regina Yabu Pavanello, presidente do CME Guarulhos e vice-presidente da AC da cidade, e Tânia Fukusen Varejão, primeira mulher a se tornar presidente da AC de Mogi das Cruzes, contaram suas ações na linha de frente dos conselhos e das associações no estado – como o app "Guia Compre em Mogi", para facilitar a vida dos comerciantes e "colocar a AC na mão de todos", segundo Tânia. Regina deu até um recado incisivo às participantes: "Mulher que não tem tempo de participar de conselhos não tem tempo de ganhar dinheiro. O negócio é fazer parcerias".
MOTIVAÇÃO
Por último, mulheres pioneiras em suas áreas de atuação – caso da Dra.Ivette Senise Ferreira, atual vice-presidente da OAB-SP e a primeira professora mulher da Faculdade de Direito da USP; da Dra.Rosmary Corrêa, a terceira delegada a assumir o cargo no estado de São Paulo e hoje presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina, além da pedagoga Liliana Belfort Sandim, a primeira empresária do ramo de segurança patrimonial do País e vice-presidente executiva do Grupo Belfort. "Negócio não pode ser aventura: tem que ter motivação, objetivo e capacitação para dar certo", disse a Dra. Ivette. "A mulher vive um momento ímpar, mas também um dilema, entre se dedicar ao trabalho ou à família. Por isso é preciso se capacitar e se desenvolver, já que a independência começa na parte financeira", avisa a delegada Rosmary. "O mais importante é incentivar o empreendedorismo dentro de cada uma de nós", disse Liliana.
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